SIMBOLOGIA DA FARMÁCIA
- Thais,Isadora e Pedro
- 16 de mar. de 2016
- 4 min de leitura
Desde que a humanidade começou a povoar o planeta, há milhares de anos atrás, a comunicação é feita de símbolos e significados. Alguns mais explícitos e simples, outros mais particulares de certas regiões e com o significado mais implícito. Juntamente com a comunicação e a simbologia, a mitologia sempre foi um campo vasto para o ser humano poder colocar seu maior dom em prática: a criatividade. Inventavam-se histórias, mitos, para explicar os fenômenos da vida e da natureza. O mais impressionante, é que em cada região, em cada particular cultura, existiam explicações completamente diferentes para o mesmo fenômeno. Obviamente, as mitologias de culturas de povos mais fortes sempre eram mais lembradas e mais cultuadas, por motivos óbvios de soberania econômica e bélica daquele particular povo. Talvez a mitologia mais usada para se buscar inspirações para símbolos seja a mitologia grega. Embasada nas linhas de poetas como Homero, a mitologia grega é riquíssima e, apesar de um tanto confusa, permeia grande parte dos símbolos que usamos para representar certas intenções, principalmente no meio acadêmico. A Farmácia, como arte milenar, não poderia ser diferente. A partir da Resolução do Conselho Federal de Farmácia n° 471, de 28/02/2008, ficaram determinados os principais símbolos da profissão farmacêutica no Brasil. Apesar de alguns desses símbolos já serem usados há muitos e muitos anos, foi definido oficialmente o símbolo heráldico (brazão), assim como o juramento, a cor da pedra do anel de grau e a cor da faixa de beca dos formandos. O símbolo heráldico definido para a Farmácia, que já era relacionado com a profissão há muitos anos, é a cobra enrolada em um cálice

Na esquerda, uma charge do Blog exemplificando a relação entre o farmacêutico e o símbolo; Na direita, o símbolo da Farmácia adornado por louros.
A LENDA DE ASCLÉPIO E HÍGIA Como todo símbolo derivado da mitologia, existem versões divergentes sobre sua origem. Imediatamente, podemos perceber que a cobra é um paralelo com o símbolo da medicina, que é uma serpente envolta em um cajado. Esse símbolo faz referência ao deus grego da medicina Asclépio (também chamado de Esculápio na mitologia romana), que é retratado na maioria das vezes segurando um cajado, que por sua vez possui uma cobra enrolada junto a este. Asclépio, de acordo com as vertentes da mitologia, era filho do deus Apolo com a ninfa Corônis. Reza a lenda que Asclépio foi criado pelo centauro Quíron e com ele aprendeu tudo sobre as ervas medicinais e a arte da cura. Com essa enorme bagagem, Asclépio se tornou um célebre curandeiro com habilidades fantásticas, capaz até mesmo de trazer os mortos de volta à vida. Porém, toda essa fama teve um preço alto. Zeus não sentia simpatia pelo talento do filho de Apolo, uma vez que o curandeiro alterava a ordem natural do mundo com sua habilidade de reviver os mortos. Irritado e com medo que está habilidade fosse compartilhada com o resto da humanidade, Zeus iniciou uma guerra entre os deuses e acabou matando Asclépio, fulminando o curandeiro com um raio. Naquela época, Asclépio havia deixado descendentes e coube a sua filha Hígia, que deu origem à palavra “higiene”, zelar pela saúde e bem-estar dos homens. Hígia é retratada na maioria das esculturas e figuras junto de uma cobra, como seu pai, e com uma pequena tigela medicinal. Acreditam os historiadores que essa tigela, às vezes retratada como cálice, representa a poção, a harmonia com a natureza e seus frutos para o bem-estar do homem. A serpente, por usa vez, representaria a sabedoria e a cura. Como o réptil é retratado na maioria das vezes como se estivesse comendo algo do cálice, há possibilidade de indicar essa comunhão entre a sabedoria e as propriedades da cura com a natureza e seus frutos. Daí veio o célebre símbolo atribuído à Farmácia. Comenta-se a possibilidade da serpente representar também uma espécie de legado deixado por Asclépio, que era o deus da saúde, para sua filha, Hígia, que foi “promovida” a esse posto depois da morte do pai.

Na esquerda, a representação de Asclépio em estátua e na direita a representação de Hígia; Nota-se a presença da serpente e ambas as esculturas.
O “CÁLICE DE HÍGIA” E OUTROS SIMBOLOS DA FÁRMACIA É claro que existem outras versões sobre a lenda e divergências nos significados de seus símbolos. Porém, a versão da mitologia grega é a mais bem aceita diante dos historiadores. O “Cálice de Hígia”, nome atribuído ao símbolo da cobra envolta num cálice, foi adotado como o símbolo da Farmácia e é usado por muitas instituições do âmbito farmacêutico no mundo. Uma das mais tradicionais do Brasil, a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) adota o “Cálice de Hígia” como seu símbolo. Ainda no âmbito das universidades, as faculdades de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade de São Paulo (USP), também usam o símbolo como seus avatares. As Associações dos Farmacêuticos dos EUA, Canadá, Austrália e do Brasil também fazem uso do brazão. Além deste símbolo heráldico da Farmácia, a Resolução CFF 471, do dia 28/02/2008, determinou outras simbologias significativas. Segundo a resolução, ficou determinado que o juramento oficial na colação de grau seria uma adaptação do famoso juramento de Hipócrates, que também já era executado tradicionalmente na hora da formatura. Mais uma vez com base na mitologia grega, Hipócrates foi, segundo os estudiosos, o pai de medicina na Grécia antiga. Seu juramento, adaptado, é recitado pelos graduandos na hora da colação de grau:
“Prometo que, ao exercer a profissão de Farmacêutico, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, gozem, para sempre, a minha vida e a minha arte, de boa reputação entre os homens. Se dele me afastar ou infringi-lo, suceda-me o contrário.”
Além do juramento, foi definida a cor da faixa da beca dos farmacêuticos formandos. O amarelo foi escolhido para simbolizar saúde, perseverança, naturalidade, limpeza, juventude e natureza. Acredita-se que traz equilíbrio e cura. Para o anel de formatura, a pedra escolhida foi o topázio imperial amarelo para simbolizar sabedoria. Acredita-se que ativa o intelecto, a comunicação, a concentração, a disciplina, a atenção aos detalhes e a harmonia do portador.

FONTE : http://www.portaldosfarmacos.ccs.ufrj.br
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